Rússia e África: perspetivas para o desenvolvimento da cooperação interuniversitária

Em 27 de julho, nos termos do programa de negócios do Fórum Económico e Humanitário Rússia-África, na secção “Cooperação no âmbito da ciência e tecnologia” foi discutido o tema “Rússia e África: perspetivas para o desenvolvimento da cooperação interuniversitária”. No debate participaram Valery Falkov, Ministro da Ciência e do Ensino Superior da Federação Russa, Paul Gundani, Reitor da Universidade Aberta do Zimbábue, Aleksei Demidov, Reitor da Universidade Estatal de Tecnologias Industriais e Design de São Petersburgo e Vice-Presidente da União Russa de Reitores, Dmitry Endovitsky, Reitor da Universidade Estatal de Voronezh e Vice-Presidente da União Russa de Reitores, Manuel Guilherme Júnior, Reitor da Universidade Eduardo Mondlane (Moçambique), Victor Kalunga Tshikala, Reitor da Universidade de Kalemie (República Democrática do Congo), Paul Chisale, Reitor interino da Universidade Copperbelt (Zâmbia) etc. O moderador do painel da discussão foi Viktor Sadovnichy, reitor da Universidade Estatal de Moscovo (Universidade Lomonosov), Presidente da União Russa de Reitores, académico da Academia de Ciências da Rússia.

Abrindo a discussão, Viktor Sadovnichy falou sobre os trabalhos da União Russa de Reitores e convidou colegas africanos para se juntarem à Associação Eurasiana de universidades. Sadovnichy também propôs realizar um festival de ciência em uma das universidades dos países Africanos, que tem sido realizada na Rússia já há 16 anos.

Valery Falkov, Ministro da Ciência e do Ensino Superior da Federação Russa, dirigiu-se à audiência com um discurso de boas-vindas. “A educação é um grande motor de desenvolvimento pessoal. É graças à educação que a filha de um camponês pode tornar-se médica, o filho de um mineiro pode tornar-se chefe de uma mina e o filho de trabalhadores agrícolas pode tornar-se presidente de uma grande nação", citou o chefe do Ministério da Ciência e do Ensino Superior da Federação Russa as palavras do ex-Presidente sul-africano Nelson Mandela. Segundo o Ministro, ao longo de toda a história da cooperação com a África, mais de 310 mil especialistas qualificados do continente formaram-se das universidades russas. Hoje em dia na Rússia regista-se um aumento significativo nas vagas orçamentárias alocadas para estudantes africanos: se em 2020 se tratava de 1,7 mil, em 2023 já se trata de 4,7 mil.

Os participantes discutiram as perspetivas de cooperação no domínio da educação entre a Rússia e os Estados africanos, os problemas nesta área e as formas de os ultrapassar, bem como as áreas prioritárias dessa cooperação e a demanda do continente africano por especialistas.

O reitor da Universidade Aberta do Zimbábue, Paul Gundani, por sua vez, apontou: “Por que o russo não é uma das línguas mais populares no Zimbábue? A Rússia não participou no projeto de colonização de África. Fomos educados em inglês e é isso que une todo o país. Atualmente, no Zimbábue regista-se um interesse crescente no turismo, enquanto este se tornou um dos motores do crescimento económico, com algumas universidades oferecendo cursos de língua russa. A política do Estado visa cooperar com a Rússia. Vamos ensinar russo àqueles que trabalham no comércio e nos negócios. Temos de abrir centros de aprendizagem da língua russa em África, em particular no Zimbábue.”

Victor Kalunga Tshikala, Reitor da Universidade de Kalemie (República Democrática do Congo), discursando sobre a forma de intensificar a cooperação entre os países, propôs três opções. “A primeira é desenvolver os estudos da língua russa nas universidades africanas. A segunda é desenvolver projetos científicos no domínio das ciências económicas e políticas, no domínio da segurança e da cultura, que sejam de interesse mútuo, para que seja possível formar uma sociedade que partilhe os nossos valores. O terceiro é reforçar o programa de apoio aos estudantes que estudam nas universidades russas e enviar mais estudantes para estudar na Rússia.”

Besarion Meskhi, Reitor da Universidade Técnica Estatak de Don, por seu lado, chamou a atenção para a importância de colocar a legislação da Federação Russa em ordem para que fosse possível criar sucursais e escritórios de representação das universidades russas nos países africanos.

«Apreciamos muito os resultados do nosso trabalho conjunto na Cimeira. Tenho a certeza de que os resultados alcançados constituem uma boa base para um maior aprofundamento da parceria russo-africana no interesse da prosperidade e bem-estar dos nossos povos».

Presidente da Federação da Rússia,
Vladimir Putin

A Cimeira Rússia-África, que será realizada em Sochi de 23 a 24 de Outubro de 2019, personifica os laços históricos amigáveis entre o Continente Africano e a Federação da Rússia. Esta Cimeira é de grande importância pois é a primeira deste tipo durante o período de grandes transformações globais e internacionais e, em resposta às aspirações dos povos, visa criar uma estrutura abrangente para o avanço das relações russo-africanas para horizontes mais amplos de cooperação em várias esferas.

Os países africanos e a Rússia têm uma posição comum nas actividades internacionais baseadas nos princípios do respeito pelo Direito Internacional, igualdade, não interferência nos assuntos internos dos Estados, solução pacífica de controvérsias e confirmação da fidelidade a acções multilaterais, de acordo com a visão semelhante que os dois lados têm para enfrentar os novos desafios globais. O terrorismo e extremismo em todas as suas formas, a diminuição das taxas de crescimento e a firme convicção de ambos os lados da importância de fomentar trocas comerciais e apoiar o investimento mútuo de forma a garantir a segurança, paz e desenvolvimento para os povos do Continente Africano e da Rússia.

Os países africanos têm um enorme potencial e oportunidades que, com a optimização, lhes permitirão tornar-se numa das potências económicas emergentes. Nos últimos anos, os países do Continente fizeram grandes progressos em todas as questões políticas, económicas, sociais e administrativas. Na última década, África conseguiu avanços no que diz respeito ao crescimento, que chegou a 3,55% em 2018.

Dando continuidade aos esforços dos países africanos que eles empreenderam na Cimeira da União Africana no Níger, em Julho de 2019, entrou em vigor o Acordo de Livre Comércio Continental Africano, incluindo o lançamento de respectivas ferramentas. Este Acordo é um dos principais objectivos da Estratégia de Desenvolvimento da África 2063, chamada a contribuir para a realização das esperanças do povo africano de prosperidade e uma vida digna.

Estes êxitos abrem amplas perspectivas de cooperação entre os países africanos e a Federação Russa e confirmam a determinação dos governos dos países africanos e de seus povos de cooperar com diversos parceiros, a fim de estabelecer relações mutuamente vantajosas.

Neste contexto, esperamos que a Cimeira Rússia-África contribua para o estabelecimento de relações estratégicas construtivas baseadas na cooperação entre os dois lados em várias esferas, o que ajudará a realizar as esperanças e aspirações dos povos africanos e do povo amigo russo.

Presidente da República Árabe do Egipto
Abdel Fattah Al Sisi