Especialistas debateram a ampliação da cooperação no domínio da energia atómica no painel de discussão ‘Tecnologias Nucleares para o Desenvolvimento de África’

Em 27 de julho, o painel de discussão " Tecnologias nucleares para o desenvolvimento de África" abriu o programa de negócios da Segunda Cimeira e do Fórum Económico e Humanitário Rússia-África na secção “Cooperação no âmbito da ciência e tecnologia”. O painel de discussão foi realizado com o apoio da Companhia Estatal de Energia Nuclear da Rússia (‘Rosatom’), moderado por Ruslan Edelgeriev, conselheiro do Presidente da Federação Russa, Representante Especial do Presidente para Questões Climáticas. Durante o evento apresentaram os seus discursos Aleksei Likhachev, Diretor-Geral da Companhia Estatal de Energia Nuclear russa (‘Rosatom’), Doto Mashaka Biteko, Ministro dos Minerais da República Unida da Tanzânia, Princesa Mtombeni, fundadora da plataforma Africa4Nuclear, especialista em comunicações e tecnologias nucleares internacionais da África do Sul, Fidele Ndahayo, Director-Geral do Conselho de Energia Atómica do Ruanda, Ibrahim Uwizeye, Ministro da Hidráulica, Energia e Mineração da República do Burundi, Mohamed Shaker El-Markabi, Ministro da Eletricidade e Energias Renováveis da República Árabe do Egipto e outros.

O painel de discussão foi aberto pelo moderador, conselheiro do Presidente da Federação da Rússia, Representante Especial do Presidente para Questões Climáticas Ruslan Edelgeriev. “Mais de mil milhões de pessoas vivem no continente africano e, segundo as previsões, até 2050 a população de África vai triplicar e vai constituir cerca de um terço do planeta. A África está a crescer nos ritmos acelerados, no futuro próximo uma grande parte da sua população terá um padrão de vida elevado. Contudo, sem o acesso estável à energia e um sistema energético avançado qualquer desenvolvimento é impossível”, enfatizou ele.

Os especialistas concordaram que uma das tarefas estratégicas enfrentadas por cada Estado no mundo contemporâneo é a introdução de tecnologias que garantam a segurança energética, o desenvolvimento sustentável de vários setores da economia e aumentem o potencial científico e humano do país.

“Representando agora um quinto da população mundial, a África está a caminho de representar um terço. Neste contexto, se analisarmos a geração da eletricidade no mundo, descobriremos  que no ano passado no planeta foram gerados cerca de 30 trilhões de quilowatts-hora de eletricidade, enquanto na África - menos de um. E, nesse sentido, essa disparidade não pode persistir por muito tempo”, disse Aleksei Likhachev. “É óbvio que os Estados do continente africano se envolverão ativamente na construção de capacidades de geração elétrica nas próximas décadas”, acrescentou o chefe da Rosatom.

O ministro da Eletricidade e das Energias Renováveis da República Árabe do Egito, Mohamed Shaker El-Markabi, ressaltou que o desenvolvimento da energia nuclear no seu país, em cooperação com a Rosatom, tem um impato positivo em todas as esferas da vida e do trabalho. “Esperamos que o número de postos de trabalho aumente 9 vezes. Além disso, a estratégia de desenvolvimento do país até 2035 dita que, até essa altura, as fontes de energia renováveis devem representar cerca de 42% – a energia nuclear pode nos ajudar com isso.”

“Neste momento, apenas mais de 70% da nossa população tem acesso à eletricidade”, disse Fidele Ndahayo, diretor-executivo do Conselho de Energia Atómica do Ruanda. E a indústria da energia nuclear pode, segundo o orador, corrigir esta situação. “A energia nuclear é sobre fiabilidade. A energia nuclear não se trata apenas de dinheiro. Todos os estudos mostram que a energia nuclear conduz ao crescimento económico em todas as esferas da vida.”

O Ministro dos Minerais da República Unida da Tanzânia, Doto Mashaka Biteko, disse: “Já temos um programa de urânio, mas agora queremos considerar novas tecnologias de outros países. Temos de acrescentar 10% ao nosso PIB, e o urânio é um deles. Queremos dar nova vida aos nossos projetos e convidar todos a fazê-lo. Cerca de 30% da nossa população vive abaixo da linha da pobreza, queremos melhorar a sua qualidade de vida. Temos recursos naturais. Deus nos recompensou com tudo o que precisamos, por isso vamos conseguir tudo.”

O Ministro da Hidráulica, Energia e Minas da República do Burundi, Ibrahim Uwizeye, afirmou: “Visitei a central nuclear de Leningrado. Estou impressionado. Precisamos de auto-suficiência energética e, em breve, assinaremos um acordo com a Rosatom para o conseguir.”

“A África é a próxima etapa do desenvolvimento da energia nuclear global. Agora todos os olhos estarão colados ao que a Rússia está oferecendo aos seus amigos neste Fórum", disse a Princesa Mtombeni, fundadora da Africa4Nuclear, especialista em comunicações e tecnologias nucleares internacionais da África do Sul. “O que está a ser feito hoje será herdado pelas próximas gerações. Se não resolvermos os problemas da energia, a juventude de África estará numa posição vulnerável. Em prol de desenvolvimento sustentável da África, os países africanos devem aceitar as propostas que vêm da Rússia. Infelizmente, os meios de comunicação social mundiais opõem-se à cooperação entre a África e a Rússia no domínio da energia nuclear. É ainda mais importante informar devidamente o público. Os africanos estão cansados de viver no escuro.”

«Apreciamos muito os resultados do nosso trabalho conjunto na Cimeira. Tenho a certeza de que os resultados alcançados constituem uma boa base para um maior aprofundamento da parceria russo-africana no interesse da prosperidade e bem-estar dos nossos povos».

Presidente da Federação da Rússia,
Vladimir Putin

A Cimeira Rússia-África, que será realizada em Sochi de 23 a 24 de Outubro de 2019, personifica os laços históricos amigáveis entre o Continente Africano e a Federação da Rússia. Esta Cimeira é de grande importância pois é a primeira deste tipo durante o período de grandes transformações globais e internacionais e, em resposta às aspirações dos povos, visa criar uma estrutura abrangente para o avanço das relações russo-africanas para horizontes mais amplos de cooperação em várias esferas.

Os países africanos e a Rússia têm uma posição comum nas actividades internacionais baseadas nos princípios do respeito pelo Direito Internacional, igualdade, não interferência nos assuntos internos dos Estados, solução pacífica de controvérsias e confirmação da fidelidade a acções multilaterais, de acordo com a visão semelhante que os dois lados têm para enfrentar os novos desafios globais. O terrorismo e extremismo em todas as suas formas, a diminuição das taxas de crescimento e a firme convicção de ambos os lados da importância de fomentar trocas comerciais e apoiar o investimento mútuo de forma a garantir a segurança, paz e desenvolvimento para os povos do Continente Africano e da Rússia.

Os países africanos têm um enorme potencial e oportunidades que, com a optimização, lhes permitirão tornar-se numa das potências económicas emergentes. Nos últimos anos, os países do Continente fizeram grandes progressos em todas as questões políticas, económicas, sociais e administrativas. Na última década, África conseguiu avanços no que diz respeito ao crescimento, que chegou a 3,55% em 2018.

Dando continuidade aos esforços dos países africanos que eles empreenderam na Cimeira da União Africana no Níger, em Julho de 2019, entrou em vigor o Acordo de Livre Comércio Continental Africano, incluindo o lançamento de respectivas ferramentas. Este Acordo é um dos principais objectivos da Estratégia de Desenvolvimento da África 2063, chamada a contribuir para a realização das esperanças do povo africano de prosperidade e uma vida digna.

Estes êxitos abrem amplas perspectivas de cooperação entre os países africanos e a Federação Russa e confirmam a determinação dos governos dos países africanos e de seus povos de cooperar com diversos parceiros, a fim de estabelecer relações mutuamente vantajosas.

Neste contexto, esperamos que a Cimeira Rússia-África contribua para o estabelecimento de relações estratégicas construtivas baseadas na cooperação entre os dois lados em várias esferas, o que ajudará a realizar as esperanças e aspirações dos povos africanos e do povo amigo russo.

Presidente da República Árabe do Egipto
Abdel Fattah Al Sisi